"Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente." ~ Caio Fernando Abreu

sábado, 27 de agosto de 2011



Minto com os olhos

Finjo com palavras

Quando tento covardemente fugir dos meus sentimentos por você...



Verdade seja dita: coração fedelho esse meu. É. Estou falando sério. Fica por aí caindo em mãos erradas. Mãos ásperas que não sabem cuidar de coisas delicadas. Pior que, parece que ele gosta, cara! Explica pra quê esse masoquismo todo? E não adianta as advertências. Quando o sentimento começa sangrar, prende-se mais ainda às esperanças de cura, de reviravolta. Dor de amor não cura, meu bem. Os pedaços ficam presos a arame farpado. Curativo cruel? Não, querido. Está pensando que coração é como a cauda das lagartixas? É. Inflexível. Alguém arrancou pedaço do seu coração? Acostume-se sem esse pedaço. Sei, sei que é impossível. Você também sabe, né? Compreende agora o lance do arame farpado?



By Pollyanne Medeiros



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sábado, 6 de agosto de 2011

Falando [de]Lírios.


Inspiração: Leveza. Um descuido . Um deslize que seja pra que eu possa estabelecer um diálogo concreto com o pulso que me mantém viva.  Versos e inversos para sucumbir a penúria de qualquer coisa que ainda não sei o nome. Escrever e reescrever. Ler e reler. Rasgar cartas que nunca serão lidas. Poesias que nunca serão declamadas.  Ainda assim, será o meu “todo ser” nas linhas de um conto inacabado.
Começo a olhar pra maldita tela do computador numa súplica desesperada como se essa máquina pudesse ter algum USB para corações vivos e fazer um backup de todos os sentimentos. Numa pequena possibilidade desse feitio estaria eu pronta para conhecer tanto? Toda barreira que me impede de escrever sendo derrubada uma após a outra e lá estarei eu, caminhando sobre as ruínas resgatando o que ainda vive mesmo depois de soterrado.
De repente, vem uma história linda a ser escrita que pode ser uma lembrança verdadeira ou não, mas está lá. Vai ver eu li em algum livro e tenha gostado tanto da cena que tomei como minha. Acontece que eu sei que não está em livro algum que não seja o meu... Minha vida. Vou escrevendo e aquela voz de dentro vai desprendendo-se, materializando-se e, nasce um punhado de palavras que se alinham numa página qualquer de website.
A surpresa ao ler desalinhadas linhas submete-me a um pequeno desvio das ruínas. É quando me encontro novamente com a ausência de inspiração para escrever. Sim. Ruínas.  No entanto, abaixo delas tem alguma coisa que sobrevive, nunca entrega os pontos, não cede, não mata e nem morre. Minha vida e a sua depende disso...



E aí, escrevo que estaremos num futuro não muito próximo, mas perto o bastante que eu possa suportar a espera; sentados numa varanda, você e eu, um ao lado do outro de mãos dadas, num finalzinho de tarde qualquer, assistindo ao encontro do sol e a lua. Cada um disperso em pensamentos, compartilhando o silêncio sem se preocupar com a perfídia das dores, porque conhecemos a alma um do outro com a mesma perspicácia que uma gota d’água é interceptada pelos feixes de luz branca que fazem nascer o arco-íris.
Pensaremos naquelas tardes chuvosas as quais a distância nos tornou parceiros da solidão. Mesmo a saudade sendo hostil, foi nos piores momentos que descobrimos que um não viveria sem o outro. Talvez, viveríamos, mas nenhum de nós terá a coragem de partir.
Na mesma varanda falaremos de jardins, das folhas caídas do outono, dos desencontros que o inverno nos submeteu sem esquecermos que os lírios nunca deixaram de sorrir nos campos. O silêncio ainda fluindo, compondo linhas em nossas almas, liberando o odor suave do sentimento que, aos poucos rendeu-nos como as camélias que florescem mesmo no mais frio dos invernos e não têm suas belezas roubadas pela frente fria que vem dos trópicos. 

Lembraremos que tivemos uma conversa sobre este momento e, você me olhou com seriedade e perguntou se este é o meu sonho.  Respondi-lhe que não, que é real. Você sorriu e indagou: “Por quê?”. E, eu disse: “Porque eu quero!”. Suas mãos tocaram o meu rosto e seu sorriso beijou o meu, distou alguns milímitros nossos lábios e meu coração pôde ouvi-lo sussurrar: “Que seja!”.
E será.


By Pollyanne Medeiros


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terça-feira, 14 de junho de 2011


O Amor...
Gaivota em pleno firmamento azul.
Mergulha sublime e destemida na mais calma superfície do rio.
Busca alimento e o encontra. Sempre encontra!
O Amor é assim: voa. Livremente. Buscando alimento.
Mas, quem se dispõe á superfície?
Cansei de me dispor!
Quero VOAR!!!


By Pollyanne Medeiros.




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domingo, 22 de maio de 2011

                                    Guarde este recado: alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo. Caio F. Abreu

Ela olhava a janela aberta... O tempo estava fechado. Alguma coisa dentro dela mesma a incomodava... Uma dor, uma doçura, armagura, saudade, solidão... Qualquer coisa que ainda não sabia o nome. Sentimento. Sentir dói? O que quer que seja não a estava deixando disposta pra começar o dia! Queria fechar os olhos e continuar dormindo...

By Pollyanne Medeiros 





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quarta-feira, 27 de abril de 2011

A flor


Caminhava. Pensamento preso numa janela a qual há muito tempo envia um convite para atravessá-la. Ignorei. Por ora, ignoro. Esbofeteio duas caras limpas de uma vez só. Dormem, idiotas. Não tenho asas, mas tenho pés. A poeira também tem seus efeitos bons. Tardios, eu sei. Nocivos, talvez. Dolorosos, até. No entanto, não há nada mais compensador do que às margens de um lago lavar a face e sentir a brisa do vento prosear com seus traços delicadamente. Sem velocidade, sem pressa alguma.

Numa estradinha de terra, passos lentos e pouco seguros, eu seguia. Eis que,vi um lugarzinho remoto, pouco sofisticado e, lembrou-me muito a pequena fazenda de um tio. A casa bem humilde. A janela da frente, dava pra varanda. Era noitinha. Uma cortina dançava no ar, movida pelo vento. Uma luz de vela clareava o local. Havia alguém. Mais de um alguém. Parei. Fiquei observando. Meu coração disparou. A cena tão simplismente linda de se apreciar. Duas crianças brincavam de fazer bichinhos com a sombra projetada pelo pequeno feixe de luz. De longe podia ouvir as risadas. Tão felizes estavam. Senti muita vergonha de meus monólogos pessimistas.Continuei andando. Cada metro alcançado eu sorria com uma sincera vitória. É. Quanta coisa linda a ser reverenciada.

O céu noturno estava encoberto de nuvens insinuadamente hostis. Chuva. Alcançou-me alguns metros adiante. Não me importei. Pra quê? Vez em quando é necessário lavar a alma. Uma proteção sempre virá no momento certo. E veio. No mesmo lugar remoto. Avistei um estábulo. “Olá?”. Não havia ninguém. “Olá? Alguém aí?” , insisti. Sem ninguém, mas a porta estava aberta. Entrei. Um cavalo baio estava ali. Ignorou minha presença. Recostei-me num canto. Esperei a chuva passar. Adormeci. Permiti-me. Precisava de descanso.

Minhas pálpebras timidamente abriram-se. Meus olhos incomodados um pouco com um raio de luz que escapava pela fresta de uma das tábuas que erguiam o pequeno estábulo. O cavalo não estava mais lá. Minha supresa: Um copo de leite e um pedaço de bolo de fubá colocado cuidadosamente num prato bem ao meu lado. Engraçado... Não sentia fome, mesmo assim, quem quer que os tivessem deixado ali foi muito gentil. Foi o leite e o pedaço de bolo de fubá mais delicioso que já provei na minha vida. Sorri. Levantei decididamente pra continuar meu caminho. Outra surpresa: A porta do estábulo estava trancada. Por um momento, apenas por um momento senti desespero. Alguns suspiros depois, lembrei-me do raio de luz que me despertou. Fui até ele... Sim, eu tinha errado o caminho. Aquela porta fechada não era a mesma porta pela qual eu havia entrado na noite anterior. Alívio e alegria, juntos.

Forcei a porta para abri-la. A paisagem mudara drasticamente. Não lembrava nada a noite chuvosa da noite que passou. Mais um sorriso. Outro mais. Avistei a humilde casa a qual observei as duas crianças brincando. O Baio galopeava no campo tão belissimamente verde. As duas crianças encontravam-se agachadas alguns metros adiante. Não pude ver muito bem o que faziam. Uma delas levantou-se e virou em minha direção. Falou alguma coisa e a outra criança também olhou. Olharam-se, falaram alguma coisa, agacharam-se novamente e correram até a mim. Pararam subitamente diante do meu olhar surpreso. Sorriram. Uma delas ergueu a mão à posse de uma flor e a outra disse: “Uma lembrança da noite que passou.” Um sorriso dentro do meu coração transpareceu em meus olhos. As duas crianças soltaram um lindo sorriso sonoro e, satisfeitas, ambas correram até o baio que, parecia estar esperando por elas. Montaram-no e, seguiram rumo ao lado oposto à estradinha a qual eu caminhava.





Moral da história: Nunca estaremos sozinhos num momento difícil. Até mesmo depois da chuva, uma flor pode nos fazer sorrir.

By: Pollyanne Medeiros.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Meia-lua. Algumas estrelas resistiam ao tempo fechado.


Ainda havia luz, esperança.

Seu olhar contemplava esse cenário no céu e não pode deixar de sorrir o quão verdadeira era a mensagem daquela noite.
 
 
By Pollyanne Medeiros

sábado, 9 de abril de 2011

Esfera insondável

Um circulo fechado. Girando. Girando. Procurando um ponto certo. O ângulo perfeito.

Não estou tonta e nem perdida. Meus sentimentos giram, como uma roleta russa. Não tenho medo do que pode acontecer quando a roda finalmente decidir o grau que vai parar nesta circunferência.

O fato é que haja o houver meus sentimentos giram a 360° ineterruptamente. Não é minha escolha.

O privilégio de interferir nas decisões do meu coração não cabe a mim.


by Pollyanne Medeiros

segunda-feira, 28 de março de 2011

E a janela está aberta...

Voa coração...
Eu te liberto da corrente do tempo.
Abençoe o meu caminho.
Seja meu guia e voz... 
Estarei te seguindo.
Ouvindo.
Amando...
O mundo alcança-me apenas os pés
Mas, com você alcanço TUDO!




by Pollyanne Medeiros




Adendo: Img da web.

sábado, 12 de março de 2011

Carta





Você,


Tanto tempo passou e sinto que você é o amor da minha vida. Nunca esperei ser correspondida – pelo menos, não de imediato -, embora, eu já esteja convencida de que não é pra ser.
No começo tentei enganar-me dizendo pra mim mesma que era apenas uma aventura. Fui levando a mentira até descobrir que ao teu lado o único medo que eu sinto é de que eu não possa fazê-lo feliz. Ainda assim, a segurança de um amor humilde, desinteressado e verdadeiro sobressai-se... “A verdadeira felicidade é fazer o outro feliz.” Não importam as circunstâncias, fazer-te feliz mesmo que você nem imagine é meu propósito firme. E, dessa forma, sorridente e quase sempre destemida vou seguindo meu caminho, transformando sonhos em simples orações pra que Deus te proteja (Não interferindo e nem confrontando com suas escolhas).
Sei que por várias vezes não resisti, o que me tornou totalmente incapaz de assumir o controle de meus desejos e acabei deixando-me levar. Toda minha resistência ia por água abaixo quando eu percebia que a única forma de ter você, matar a saudade era passar aquelas poucas horas com você... E, acredito que acabaste julgando-me leviana. Penso que qualquer gentileza sua, por mais sutil que seja é mais do que mereço, é mais do que espero de você: Também sou um ser humano, sou egoísta. Quero-o feliz, mas também o quero para mim, somente para mim e não tenho esse direito, pois teu amor (...)
Eu te amo e não há nada que você possa fazer ou dizer pra mudar isso!
Não pedi pra sentir e nem posso decidir não sentir. Aceite isso. Eu já aceitei já faz algum tempo.
Não foi fácil lidar com isso. Descobrir que eu já amava você mesmo antes de te conhecer foi perturbador, porque tive que viver outra mentira pra eu pudesse conhecê-lo. Queria dizer algo que não fosse tão clichê como “nada acontece por acaso”.
De qualquer forma, não se pode nunca questionar o amor. Se o amor flutuasse ao sabor dos teus gestos eu nunca me sentiria completa. Mesmo “longe”, eu posso suportar sua ausência porque sei que estarás feliz (...) E, eu o amo...
De tudo o que mais o amo, Você, é saber que no melhor dos momentos que tive ao seu lado foi quando você me disse: “Vem comigo e não tem medo.” Não foi com essas palavras que me fizeste enamorar, mas foi quando eu o ouvi dizendo isso que eu descobri que eu já amava você. Foi como se cada sílaba tivesse uma luz projetando a certeza de um encontro, um amor já consumado dentro de mim, um caminho sem volta. Desde, então, libertei-o.
Foi quando descobri que tudo o que eu já tinha feito era por você, só por você e não por mim outra pessoa. A cumplicidade de nossos momentos eu os guardava pra mim. Ainda que eu os confidenciasse para outra pessoa, os tesouros daqueles momentos pertenciam somente a mim e a você, mesmo que pra você significasse apenas fugacidade.
(...) Decidi seguir o meu caminho desde quando o libertei (...) Mas, o quero muito feliz.
(...) Você e Eu, só existem “Um”, não haverá outros iguais.
Eu te amo de todo coração.

Eu.

By Pollyanne


Adendo (1): Img da web
Adendo (2): Carta foi editada. Excluí alguns trechos por serem muito pessoais . Foi escrita há algum tempo, o destinatário nunca a recebeu. O remetente é idiota!!!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Devaneios



Assovios ao longe. Bem longe. Uma esfera no topo da montanha. Lá vem a solidão embaçando as vidraças. Fumaça de cigarro sufocando pulmões sadios. Verdadeiramente escondendo suas loucuras num estojo de tecido branco encardido e surrado. É uma batalha de praxe em sua vida quando a única companhia para suas angústias são as letras do alfabeto. Não importam as lacunas a serem preenchidas e nem os desaforos levados para casa. Ousar não é um grande negócio quando a necessidade da cura obstrui qualquer passagem para o fatídico orgulho.
Por isso, ela procura espaço no seu caderninho. Folhas em branco, apertando a sua caligrafia a fim de que as páginas já escritas possam dizer um pouco mais sobre (ou como) - suporta - suas dores.   
Segura firme a caneta entre os dedos. Não quer arriscar que linhas assim saiam trêmulas. Não. Mãos fortes sempre agarram com mais força qualquer objeto... E ela não vai soltar. Porém, ela sabe que o quê não estiver no papel, brevemente estará no céu de sua boca desatando nós e qualquer vestígio traiçoeiro que se manteve escondido na alma será compelido.
Uma dose de álcool a submete à extropecção até o segundo em que se vê perdida no abraço cheio de calos da ilusão. Procura motivos para sacrificar sua desinibida invenção de felicidade. Sempre encontra. O medo se transforma em coragem para se desfazer dos últimos pedaços dessa colcha de retalhos suja de suor e sal. Nem sexo. Nem beijo. Nem lágrima. Nem suspiros. Nem sabor. Nem sua aguçada intuição. Nem caralho nenhum de objeções alheias.
Ela sabe. Provém-se. Mas, isso não basta. Ela quer mais e vai ter. Fim. Enfim. Querubim.


by Pollyanne Medeiros



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