"Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente." ~ Caio Fernando Abreu

sábado, 6 de agosto de 2011

Falando [de]Lírios.


Inspiração: Leveza. Um descuido . Um deslize que seja pra que eu possa estabelecer um diálogo concreto com o pulso que me mantém viva.  Versos e inversos para sucumbir a penúria de qualquer coisa que ainda não sei o nome. Escrever e reescrever. Ler e reler. Rasgar cartas que nunca serão lidas. Poesias que nunca serão declamadas.  Ainda assim, será o meu “todo ser” nas linhas de um conto inacabado.
Começo a olhar pra maldita tela do computador numa súplica desesperada como se essa máquina pudesse ter algum USB para corações vivos e fazer um backup de todos os sentimentos. Numa pequena possibilidade desse feitio estaria eu pronta para conhecer tanto? Toda barreira que me impede de escrever sendo derrubada uma após a outra e lá estarei eu, caminhando sobre as ruínas resgatando o que ainda vive mesmo depois de soterrado.
De repente, vem uma história linda a ser escrita que pode ser uma lembrança verdadeira ou não, mas está lá. Vai ver eu li em algum livro e tenha gostado tanto da cena que tomei como minha. Acontece que eu sei que não está em livro algum que não seja o meu... Minha vida. Vou escrevendo e aquela voz de dentro vai desprendendo-se, materializando-se e, nasce um punhado de palavras que se alinham numa página qualquer de website.
A surpresa ao ler desalinhadas linhas submete-me a um pequeno desvio das ruínas. É quando me encontro novamente com a ausência de inspiração para escrever. Sim. Ruínas.  No entanto, abaixo delas tem alguma coisa que sobrevive, nunca entrega os pontos, não cede, não mata e nem morre. Minha vida e a sua depende disso...



E aí, escrevo que estaremos num futuro não muito próximo, mas perto o bastante que eu possa suportar a espera; sentados numa varanda, você e eu, um ao lado do outro de mãos dadas, num finalzinho de tarde qualquer, assistindo ao encontro do sol e a lua. Cada um disperso em pensamentos, compartilhando o silêncio sem se preocupar com a perfídia das dores, porque conhecemos a alma um do outro com a mesma perspicácia que uma gota d’água é interceptada pelos feixes de luz branca que fazem nascer o arco-íris.
Pensaremos naquelas tardes chuvosas as quais a distância nos tornou parceiros da solidão. Mesmo a saudade sendo hostil, foi nos piores momentos que descobrimos que um não viveria sem o outro. Talvez, viveríamos, mas nenhum de nós terá a coragem de partir.
Na mesma varanda falaremos de jardins, das folhas caídas do outono, dos desencontros que o inverno nos submeteu sem esquecermos que os lírios nunca deixaram de sorrir nos campos. O silêncio ainda fluindo, compondo linhas em nossas almas, liberando o odor suave do sentimento que, aos poucos rendeu-nos como as camélias que florescem mesmo no mais frio dos invernos e não têm suas belezas roubadas pela frente fria que vem dos trópicos. 

Lembraremos que tivemos uma conversa sobre este momento e, você me olhou com seriedade e perguntou se este é o meu sonho.  Respondi-lhe que não, que é real. Você sorriu e indagou: “Por quê?”. E, eu disse: “Porque eu quero!”. Suas mãos tocaram o meu rosto e seu sorriso beijou o meu, distou alguns milímitros nossos lábios e meu coração pôde ouvi-lo sussurrar: “Que seja!”.
E será.


By Pollyanne Medeiros


Adendo: Imagens da web